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ANTONIO
ABUJAMRA

E CIA

OS FODIDOS PRIVILEGIADOS

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As Fúrias

As Fúrias

A peça narra a história de Gorgo, uma velha dominadora, que prende em uma torre sua bela sobrinha, Altéia. A única esperança da prisioneira é um dia ser salva por seu amor, o primo Cástor…

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A Resistível ascensão de Arturo UI

A Resistível ascensão de Arturo UI

Nesta montagem, Abujamra realizou um dos grandes sonhos de sua carreira, montar um espetáculo genuinamente Brecthniano, inclusive com a presença nos ensaios dos maiores Brechtianos do Mundo: Peter Palitzsch, Antony Tatlow, John Wilet, Klaus Vetter, etc.. que estavam no Brasil por ocasião da comemoração do centenário de Bertolt Brecht, organizado pelo Instituto Goethe…

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O Auto da Compadecida

O Auto da Compadecida

A peça fala das aventuras de João Grilo, um sertanejo pobre e mentiroso, e Chicó, o mais covarde dos homens. Ambos lutam pelo pão de cada dia e atravessam por vários episódios enganando a todos da pequena cidade em que vivem…

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O Casamento

O Casamento

A história de “O Casamento”, escrita em 1964, reúne todos os elementos dos romances rodriguianos. No Rio dos anos 60, Sabino Uchoa Maranhão, rico proprietário de uma imobiliária, se prepara para o casamento de Glorinha, sua filha caçula e predileta.

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Um certo Hamlet

Um certo Hamlet

Espetáculo de estréia da companhia Os Fodidos Privilegiados, dirigida por Antônio Abujamra, com um elenco formado apenas por mulheres.

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Conheça a História

Fundada e dirigida por Antônio Abujamra, a companhia reúne cerca de 30 jovens atores. Inicialmente sediada no Teatro Dulcina, reúne um elenco exclusivamente feminino, de quase 40 atrizes, encabeçado por Vera Holtz e Suzana Faini, com o qual realiza: Um Certo Hamlet, baseado em texto de William Shakespeare, e Phaedra, de Jean Racine, ambos em 1991. No mesmo ano, já sem as duas atrizes e inserindo homens – entre eles, Antônio Grassi e Mário Borges – realiza uma visão farsesca de A Serpente, de Nelson Rodrigues, e Infidelidades, de Marcos Antônio Della Parra. Durante três anos o grupo permanece sem uma sede. Nesse período, Abujamra consegue, através do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), retomar a parceria com as duas atrizes, ao lado de quem volta à cena com O Retrato de Gertrude Stein Quando Homem, de Alcides Nogueira, 1992.

Em 1995, retomando o Teatro Dulcina, o diretor passa a reunir apenas atores jovens, com diferentes níveis de experiência, e em grande número. A linguagem deixa de valorizar interpretações individuais e o estilo virulento de Abujamra é temperado pela jovialidade do elenco. Mas Os Fodidos Privilegiados continuam se definindo por carregar em sua linguagem o espírito debochado, o rigor formal e a racionalidade de seu fundador.

Em 1995, por meio de uma extensa coletânea de textos de autores de diversas épocas, nacionalidades e estéticas, Exorbitâncias, uma Farândula Teatral se constrói como um manifesto. Os 40 atores se movimentam como uma massa unitária, formando um cenário humano que se torna uma marca do grupo. O crítico Macksen Luiz, ressaltando a espontaneidade criativa que torna o espetáculo contagiante, comenta: “O grande elenco se entrega a esta proposta de celebração teatral com empenho e em alguns casos, com talento. São jovens que vibram na mesma sintonia do espírito do diretor. […] Formam um grupo, algumas vezes exaltado, mas que demonstra plena consciência de seu papel em cena”.1

Em O Que É Bom em Segredo É Melhor em Público, 1996, Abujamra mistura o folhetim O Homem Proibido, de Nelson Rodrigues, e crônicas do autor para construir uma narrativa fragmentada marcada pelo ritmo acelerado e por uma linguagem que busca a crueldade e a irreverência. O crítico Macksen Luiz considera que as atrizes Claudia Provedel e Rafaela Amado “interpretam com sensibilidade a exagerada teatralidade das palavras e gestos, atingindo a subjetividade das personagens”.2 Em 1997, a companhia retoma pela terceira vez o autor Nelson Rodrigues e encena a adaptação de Abujamra e João Fonseca, que assinam também a direção, para o romance O Casamento. O espetáculo inaugura uma parceria que recebe o Prêmio Shell de direção e se estende por três espetáculos.

Em 1998, estréia Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, em uma linguagem em que a alegria reveste a irreverência. Sempre buscando a atualização do texto e o reforço de seu aspecto crítico com referências a acontecimentos da atualidade, os diretores acentuam o aspecto anticlerical do original e acrescentam críticas à televisão. A crítica Barbara Heliodora escreve: “Como quase todos os trabalhos de Abujamra, o espetáculo tem muita garra, e como todas as suas direções, esta também é muito criativa e segura, enquanto ele não resolve brincar demais. Como todo clássico, Auto da Compadecida já teve e terá muitas montagens, e sem os exageros esta seria um marco respeitável”.3

Ainda em 1998, estréia A Resistível Ascensão de Arturo Ui, de Bertolt Brecht, seguindo, na encenação, alguns dos preceitos mais fundamentais do autor, como o uso de cartazes e música para obter uma cena épica, e fazendo referências a aspectos da realidade política do Brasil contemporâneo. Novamente o grande número de atores, que se destacam pela entrega à proposta, fornece densidade física à cena, funcionando como massa cenográfica. O crítico do Jornal do Brasil escreve: “O aspecto de sátira é explorado pela direção, enfatizando a caricatura para reforçar o paralelo das situações. Esse excesso, sobrecarrega a cena, já que o texto está inchado de significados e ilações”.4

Gradualmente, Antônio Abujamra vai deixando a direção artística e administrativa da companhia com João Fonseca e com os integrantes mais assíduos. Em Tudo no Timing, de David Ives, 1999, a direção é assinada por João Fonseca e Terry O’Relly, que inauguram na carreira da companhia uma comédia simples, de humor fluente, baseada na interpretação de oito atores. No ano seguinte, estréiam Louca Turbulência, coletânea com direção de Antônio Abujamra, e Os Libertinos, junção de dois textos de William Shakespeare, com direção de João Fonseca. O grupo participa, em 2008, do projeto Palco Giratório, produzido pelo Sesc, com os espetáculos Tudo no Timing Édipo Unplugged (montagem de 2004) e A Fonte dos Santos (peça encenada em 2002).

Notas
1. LUIZ, Macksen. Vigoroso e divertido manifesto lúdico. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 25 nov. 1995.

2. LUIZ, Macksen. Nelson Rodrigues, cruel e irreverente. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 07 nov. 1996.

3. HELIODORA, Barbara. Alegria em cena prevalece sobre exageros da direção. O Globo, Rio de Janeiro, 03 fev. 1998.

4. LUIZ, Macksen. Direção coerente com opção a estilística. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 21 set. 1998.

OS Fodidos Privilegiados. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. Disponível em: . Acesso em: 26 de Fev. 2021. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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